modo de preparo...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Essência afinal

Antes de mais nada: eu não tomei leite com toddy hoje, me desculpem.

Depois desse desabafo, vou falar o que vim fazer aqui. Vim à procura da essência. É, essa tal essência humana que eu digo, orgulhosamente, que sei o que é, que sei falar sobre, que sei escrever, e que, agora que parei pra pensar, não sei nem onde eu a encontro.

Quem sabe para começar, eu precisasse de essência de escritor, essência jornalística para começar apresentando dados e fazendo intertextualidades sobre o ser humano e esse mundo que ele vive. Mas eu não tenho essa.

Talvez essas não fossem tão necessárias se eu tivesse essência de poeta. Se eu fizesse rimas, versos, sonetos, e as moças apaixonadas escreverem os poemas em seus orkuts e fotologs (o que você esperava? estamos no séc XXI!). Se eu enxergasse toda aquela beleza que os poetas exergam nas estrelas, nas pessoas, na própria língua portuguesa, mas essas, as vezes, passam batidas por mim, como se não existissem, se descepcionando também com a minha falta de essência poética.

Até ai, não me sinto para baixo: não sou a única que não sabe rimar nesse mundo. Mas me faltam tantas outras essências, que ai sim me sinto quase inodora. Eu tenho a vontade de mudar o mundo (ou pelo menos o cabelo) mas não tenho a coragem necessária. Eu tenho a vontade de manter essa e aquela amizade, mas não tenho tempo para cultivá-las. Eu tenho tênis, mas não tenho ânimo para fazer uma caminhada. Eu tenho os livros nas minhas mãos, mas não tenho vontade de estudá-los.

Eu tenho tudo que preciso para ser alguém, mas não tenho a capacidade de dar um passo de cada vez. Eu quero tudo hoje, agora. A comida dos pobres, a sentença dos culpados, a justiça do povo, o sonho das crianças, tudo. E isso, é essência de que? Essência de menina mimada? Essência de falta de bom senso? Essência de super-heroína? Pode ser. De fato, deve ser sim, mas eu ainda prefiro pensar que é essência de sonhadora.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

o início

eu tava feito besta aqui pensando no que postar. antes eu tinha imaginado um texto de abertura, alguma coisa como que "sejam bem vindos e bebam à vontade", mas a Aline fez o nosso "informações nutricionais" bem melhor do que eu esperava, ou do que eu ousaria pensar. depois eu pensei no leite com toddy. de falar alguma coisa sobre ele e da sua "importância" nas nossas vidas e cotidianos e blá blá blá, mas o Godoy também já fez desse jeito bonito dele.
e eu só pude concluir que num é por nada não, mas eu tô bem acompanhada. ;)

semana passada o Arthur juntou a gente, menos a Aline-excluída-que-estuda-em-outra-escola, e falou do blog. na hora eu pensei "ah, que bonitinho" e até me empolguei, mas depois me deu um troço esquisito. ele tinha dito: a proposta é a análise da alma humana. análise da alma humana?! difícil demais isso, complexo demais.
mas sabe, nem é tanto assim. é difícil quando a gente fala com pompa, como o Arthur disse. mas nada mais é do que falar dessa nossa vida cheia de gente que vai e volta ou que passa reto, cheia de gente que a gente vê o tempo todo e nem se importa, cheia de gente que a gente não vê mas sente, cheia de gente como a gente. esse "a gente" que acha que sabe alguma coisa e se mete a contar pro mundo.
é aí que a gente se impregna de leite com toddy, criatividade, humor e uma pitada de amor, pra dar mais sentimento e beleza na coisa, e passa o calor humano pro papel. ou melhor, pra tela. porque numa cidade tão quente assim, isso é o mínimo que a gente poderia fazer.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Leite com toddy!

Eu tomo leite com toddy toda manhã. Não sou eu quem faço... Meu pai acorda primeiro, depois vai até meu quarto, grita para eu levantar, vai até a cozinha, deixa o leite esquentando no fogão, volta gritando para eu levantar, vai a cozinha, coloca duas colheres de sopa de Toddy original na caneca, enche de leite quente, mexe com a colher e finalmente volta berrando para eu acordar.

Quando levanto e vou à cozinha, o copo de leite com Toddy já está ali, impecável, marrom, quentinho, esperando minha boca baforenta. Meus pensamentos ainda não estão trabalhando muito bem neste horário... Ainda estou tentando entender o que está acontecendo. Mas, quase que mecanicamente, seguro no aro da caneca e levo-a a boca. O leite com toddy desse quentinho, com aquele gostinho de chocolate característico do produto que nunca mudou sua fórmula desde a sua criação. A garganta recebe a quentura do leite, meus olhos abrem-se em ânimo, meus pensamentos começam a convergirem e eu finalmente reconheço que o dia está começando.

Confesso que não como pão, nem bolacha, nem qualquer outra coisa. De manhã, tomo tão-somente a caneca com o achocolatado Toddy (que é, por sinal, muito melhor do que Nescau). Ele anima o meu dia, revitalizando-me, tirando a minha condição de zumbi que foi escandalosamente acordado. É a essência humana e 80kcal todos os dias, sempre no mesmo pote marrom, de embalagem e tampa amarelos. Fonte de 7 vitaminas. Tesão de gostoso.

As manhãs mais belas, entretanto, são as de sábado. Nas outras, a família inteira levanta para trabalhar (ou estudar), de modo que quando eu estou tomando Toddy meu pai está tomando café, minha mãe escovando dentes, meu irmão prestes a acordar em gemidos, A Maria Helena chegando em casa tocando a campainha, enfim, estamos "acelerando" para o início do dia. Mas no sábado é diferente, porque só eu tenho que levantar cedo, todos os outros podem dormir à vontade.

E mesmo assim, é meu pai quem me acorda... Ele me chama só algumas poucas vezes e eu já levanto (no sábado, não sei porque, consigo levantar mais rapidamente). Quando vou ao banheiro soltar o mijão entalado, meu pai já volta para a cama para dormir, sem eu perceber. Muitas vezes, eu nem reconheço direito que fui acordado por ele - estou tão tonto quando acordo que percebo somente que ele me chamou, mas não me lembro de sua fisionomia em frente a porta, de sua presença...

Mas quando vou à cozinha, vejo já o leite com Toddy, sozinho, prontinho, quente, me esperando. A visão faz-me parar ao pé da porta. Lembro-me de meu pai, dedicado, que não precisava acordar cedo e, no entanto, até leite com Toddy fez para mim. A cena é simples assim: só há a caneca de leite em cima da mesa, mais nada. Lá fora, o dia escuro-claro, amanhecendo... Eu cansado, com sono, vejo na caneca de Toddy um outro alguém, que deveria estar com mais sono que eu, que podia ter dormido diretão, mas que levantou mais cedo que eu e preparou tudo aquilo para mim.

Há algo mais na caneca além de leite e Toddy...

Resisto a minha vontade de ir correndo até seu quarto lhe abraçar, bebo o leite, escovo os dentes, coloco o uniforme (eu não tomo banho de manhã! :P), arrumo os materiais e, finalmente, vou até seu quarto, dou-lhe um beijo na testa, beijo também a minha mãe (ambos dizem "Boa aula!", de olhos semi-cerrados, ainda envoltos na coberta da cama), beijo meu irmão, e vou embora estudar.

Leite com Toddy: essência humana e 80kcal todos os dias.