modo de preparo...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Diversidade (semelhança?)

É interessante analisar a complexidade humana. Aliás, analisar não, perceber. Para analisarmos a complexidade humana, teríamos de refletir como um psicólogo; para perceber a complexidade humana, basta estarmos em companhia de duas ou três pessoas e prestarmos atenção em suas diferenças. Por vezes, são diferenças espantosas! Leva-me a pensar o quão os seres humanos são únicos.
A diversidade humana é tão exacerbada! É muito fácil notarmos isso entre culturas distintas. Aqui, no Brasil, matamos a vaca; na Índia, é animal sagrado (se uma entra, por acaso, num estabelecimento comercial, e se, por acaso, solta um cocõzão enorme na porta, o estabelecimento vai ser considerado privilegiado, sacro, e seu dono com certeza vai se enriquecer). Comemos de garfo e faca; os japoneses comem de palitinho (se trocamos com eles, nem eles nem nós vamos conseguir nos alimentar direito). Destruímos a natureza por dinheiro; os índios retiram dela o necessário para a sobrevivência. Os ianomâmis deixam os bebês portadores de deficiência serem assassinados por formigas carnívoras (os romanos os atiravam de um penhasco); nós o protegemos e a maioria tenta amá-los (nossa legislação os considera indivíduos tão iguais quanto os ditos "normais"). "Cultura: um conceito antropológico", livro do Roque Laraia, é interessantíssimo e trata justamente deste tema. É fininho, cheio de exemplos legais, vale a pena lê-lo.
Mas algo me diz que deva existir entre todos os seres pensantes do Universo (terrestres, jupterianos, capelinos...) algo em comum. Uma característica marcante que está presente em todos, independentemente da cultura. Talvez o fato de "buscar a felicidade", parece-me que todos almejam-na, muito embora poucos agem da maneira correta. Ou então "buscar o contato humano", parece-me também que todos os seres buscam a interação, a amizade, até porque se existisse somente um ser humano no planeta, ele não saberia de seu caráter, de sua existência. Acho que só existimos porque comunicamo-nos uns com os outros, e somos o que somos por causa do outro...
É só a minha opinião. Para estes duas tentativas, com certeza haverá contra-argumentos. Até eu mesmo, quando leio o que escrevi, escuto a voz da minha consciência que diz "É relativo, João Paulo, é relativo...". E mais baixinho consigo ouvi-la completar "seu burro". Einsten foi muito correto na afirmação "Tudo é relativo"; essa frase é a inimiga das frases generalizantes, aquelas que contenham "Todo", "Sempre", "Nunca", porque elas são ditas por pessoas ignorantes. "Todo político é corrupto", a gente sabe que não é verdade, alguns são honestos. "Nunca alguém disse isso antes", às vezes alguém já disse, não conhecemos os discursos de todos. "Sempre que o céu tá nublado vem chuva", nada a ver, pode acontecer de não chover, assim como às vezes chove sem mesmo estar nublado!
Mas se "Tudo" também inicia uma frase generalizante, a máxima "Tudo é relativo" é, ela própria, relativa! Ou seja, talvez nem tudo seja relativo e talvez exista sim um fato generalizante! E talvez seja justamente àquele que eu procuro: a característica semelhante em todos os seres.
Acho que ela é a essência humana. É essa essência da qual a Aline escreveu, lá em baixo, em seu primeiro texto aqui no blog. É a essência do ser humano e as 80 quilocalorias descritas no canto direito do blog. Mas como é difícil de encontrá-la, como é difícil! É o meu sonho descobri-la. É o que a Aline concluiu: essência de sonhadora. Estou ainda a procurá-la...
(acho que tenho medo de encontrá-la. conhecê-la pode fazer tudo perder a graça. mas essa aflição fica só entre nós, aqui)