modo de preparo...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

começo do fim

Eu sempre arrumo um tempo pra fazer umas arrumações, doar algumas coisas, jogar uns papéis fora, mas dessa vez foi caprichado. Sei lá. Eu precisava dar um limpa pra começar tudo do zero. Sabe como é, fase nova, vida nova! Tá certo que ainda num tem nada definido e que a gente num sabe o que vai ser das nossas vidas no ano que vem mas eu já sou uma universitária. Sou, sou mesmo, matrícula feita e tudo. E isso significa o quê? Significa que acabou.

Eu não consigo ter essa visão positiva de que começou. Não, não. Acabou mesmo.
Acabou a fase mais bonita que se deve haver. Tábom, eu também não sei do futuro e não desprezo nenhum pouco minha infância porque ela teve um milhão de nuvens e cores, mas se há alguma coisa inquestionável até aqui é que isso que a gente convencionou chamar de ensino médio é uma coisa bonita de se ver. Daqui pra frente a gente não acredita mais nos outros como acreditou até agora, seu amigo da faculdade pode ser seu concorrente num concurso ou na disputa por um emprego e ele vai te dar um chute na bunda assim que tiver a oportunidade. Já posso ver daqui a cara de desaprovação do Godoy. Ele diria: larga de ser pessimista, menina! Mas não é pessimismo não. Eu duvido, duvido mesmo que as coisas sejam metade do que foram até aqui.
Além do quê, será que um dia eu consigo voltar mesmo pro teatro? E será que eu vou sorrir do mesmo tanto com o Arthur morando longe? Será que eu vou mesmo aprender tudo o que eu acho que vou? Como é que eu vou fazer sem as aulas a tarde e de sábado e as aulas que nunca existiram mas que eram a melhor mentira da minha vida? Será que vai existir um outro professor que use AllStar rosa choque? Como é que vai ser não estudar mais com a Nana, depois de sete (SETE?!) anos juntas todas as manhãs? Como é que eu vou fazer sem as piadinhas repetidas do Kamel? E como é que eu vou viver sem aqueles pestes, sem aquelas mesmas companhias de três anos inteiros, dentro e fora da escola? Como é que se faz? Como é que se cresce?!

Não é que eu queira estagnar. A gente passa o tempo todo sonhando em chegar aqui. Mas e quando chega? O jeito é caminhar pra frente mesmo, voltar é ridículo e até cruel. Cá estamos e de cá seguiremos. Juntos, separados, encontrando-nos e desencontrando-nos umas milhares de vezes da gente mesmo e dos outros. Acho que vai chegar um tempo da gente querer voltar pra cá, mas também não vai dar. O caminho não tem setas indicando retorno, só setas indicando que se deve ir pra frente e pra frente e sempre e sempre até que o caminho acabe.

Ou quem sabe até, daqui uns anos eu faça outro limpa desses, e jogue tudo isso fora de vez.

6 comentários:

João Paulo disse...

Você disse que eu ia achar o texto feio...

Eu achei o texto bonito. É meio pessimista, mas é bonito. :) Emoção verdadeira é sempre bonita... E esse sentimento de fim é muito verdadeiro. Eu também não sei o que vai ser, Déborah... Mas eu acho que não muda muita coisa não, sinceramente...

É vida nova, mas nós somos os mesmos. E em todo lugar vai ter gente legal e gente chata. E nós aninda continuaremos reunindo com nossos antigos amigos - com menor frequência, mas continuaremos.

E todos teremos histórias diferentes para contar! E nós trabalharemos e ganharemos dinheiro para construir um colégio lá na periferia! :D

Anônimo disse...

eu só nao gostei da parte do amigo de faculdade, pq eu nunca vou te dar um chute tah? ai qnd precisar, qnd a gente estiver lah naquele predio velhinho da facomb, vcê da um grito que eu vou, eu nao sou nenhum Arthur da vida pra te fazer rir, mas eu posso tentar, certo? ;P
mas eu tbém nao consigo ver tudo isso como um começo, soh como um fim, a começar pela sala agora, ninguem grita mais Ô Hans Donner, em resposta a nenhum Ô Welington..
Mas tudo bem né? não tem como parar o tempo, muito menos fazer ele voltar.. ;/

deh gouthier; disse...

gente, a luciana é linda x)

pequena disse...

vocês todos é que são lindos!

sentirei saudades e sinto em pensar que não os aproveitei como deveria, não os procurei como gostaria,não me aproximei como poderia...=T

eu partilho do mesmo pessimismo que você déborah,mas se o godoy não achou feio, já não me sinto tão culpada assim...

sabe,a minha analista diz que quando eu tenho impulsos se arrumar meus armários e gavetas ( também compartilho disso),e isso se tornou um tanto freqüente, tenho, na verdade, necessidade de arumar as coisas em mim, sentimentos que não estão ainda bem definidos, etc e tal... não sei se é o mesmo que vc... é?! de qualquer forma, obrigada por esse texto tão bonito que me trouxe um conforto tão grande ao me identificar com ele. =D

bjos e até a próxima.

Anônimo disse...

Minha mãe também diz que eu sou lindo!

Anônimo disse...

eu li mais do que eu li™ ;)