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domingo, 13 de janeiro de 2008

Deus existe? (2)

Será que Deus existe? Eu acho que sim. São tantas coicidências que acontecem na vida, tantos encontros e oportunidades que parecem aparecer em boa hora, tantas provações dadas na medida certa, tantas tarefas cabíveis, tanto equilíbrio, que eu acredito que deve haver alguém por traz de tudo isso, arquitetando todos esses fatos sublimemente.

Não consigo pensar que nem o Tchuca, que diz acreditar em coicidências, diz acreditar que quando coisas teoricamente impossíveis de serem realizadas acontecem (como o garoto vestido de homem-aranha ter salvado um bebê em chamas na maior naturalidade), não existem motivos especiais por detrás dos fatos. Coisas como essas aconteceriam simplesmente em função de uma série de pequenos fatos ocorridos numa determinada ordem, e pronto. Não necessariamente teriam de de ocorrer desta forma, mas eventualmente ocorreram. É como jogar um dado. Pode dar 6, mas pode dar 1. O menino salvou, mas poderia ter morrido junto com o bebê.

Mas eu discordo, Tchuca, acho que existe um motivo maior e desconhecido por trás de cada coicidência da vida, e talvez seja um pensamento bobo, algo que criamos só para satisfazer algumas de nossas fraquezas e necessidades, mas veja bem: até mesmo o Einsten acreditava em Deus! Para ele, era um ser cósmico que pode ser representado pela natureza. Disse que era como o Deus de Spinoza, um Deus que não atenderia aos desejos pessoais do ser humano. Foi ele quem disse que "Deus não joga dados com o mundo."

Claro que era só o pensamento dele. O de Descartes era outro. O de Rubem Alves, outro. Na verdade, Deus é o que cada um, individualmente, pensa dele. Para mim, Deus é professor. E nós, somos alunos. Como todo o bom professor, ele não resolve nenhuma lista de exercícios para nós, ele nos dá essa lista para resolvermos. Daí vem o livre-arbítrio. Somos livres para fazer o dever, errar, e quem sabe até abandonar a lista, se quisermos. Porém, não devemos temê-los: Deus nunca daria a nós um exercício impossível de ser resolvido.

Mas pode ficar tranquilo, Tchuca, que eu não deixo de ser seu amigo por você não crer em Deus (:)). Os religiosos que se contrariam quando alguém discorda deles dá o primeiro passo para uma imensa guerra irracional. E o Deus que eu acredito é o Deus do amor. "Amai-vos uns aos outros", resumiu Jesus. A beleza de Deus está nessas coisas simples da vida, um sorriso, um abraço, uma renúncia em nome do outro que amamos, enfim, essas coisas englobadas no amor mesmo. A nossa religião interior não pode ser complicada, entruncada, se não nos tornamos seres irracionais, e regredimos ao invés de progredir. Não podemos nos alienar à religião, ela deve ser sempre combatida com a razão, para não ser cega.

Acho que por isso gosto tanto do Espiritismo. Lá, na primeira página do Evangelho Segundo Espiritismo, está escrito "A fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade". O Espiritismo estuda os fenômenos do mundo invisível e os contatos entre o invisível e o visível (que é a Terra), e de acordo com a crença é um fenômeno tão natural quanto o cair de uma chuva, o brotar de uma flor - mas daí são coisas estudadas por outras ciências, como biologia, física...

Mas acreditar ou não acreditar em Deus é irrelevante, para quem pratica o bem, para quem é caridoso, para quem sabe aceitar os problemas e ser feliz. Eu achei engraçado quando meu vô disse que tinha um amigo ateu mais espírita do que muito espírita! Quer dizer: praticando o amor para com os outros, o amor "que não é necessarimante de menino pra menina mas de gente para gente", como poetizou a Déborah num texto aí em baixo, nada mais precisa ser feito. Nem é preciso acreditar em Deus, e nem ter essa ou aquela religião.

Fazendo isso, lutando sempre pelo bem, sempre pela compreensão e empatia com o próximo, a questão título deste texto é insignificante. Sorrindo interiormente, conscientes de acreditar nesta beleza que é o amor, podemos responder um "Talvez" e continuar a caminhar, tranqüilos, com a certeza de estar fazendo a coisa certa.

6 comentários:

pequena disse...

Fantástico fechamento, João!
Não mexeria em nenhuma palavra!
Sobretudo no seu "talvez"- ele me trouxe muito conforto, reinventora de mim que sou!

o/ =*

João Paulo disse...

Putz, postamos quase na mesma hora! :)

Anônimo disse...

Concordo.
Não acho que existe o Deus que está sendo praticado em algumas religiões hoje em dia, e nem concordo com muitas as teorias e explicações da minha própria religião. Não acho que guerras ao nome de Deus adiantem de alguma coisa, mas não sou iludida de pensar que elas se acabarão a favor do verdadeiro espírito de bem e humanidade que deveríamos ter.
Prefiro acreditar que Deus existe e ele está em tudo o que vejo, e em todas as coisas realmente bonitas e simples ao meu redor...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Chrystian disse...

talvez Deus possa ter sido criado (pra quem não acredita) para que o amor fosse propagado por aí. Mas o que vejo hoje é o oposto. O importante, realmente, não é essa questão existencial. O importante é fazer o bem, independente do que se pense, se diga ou se fale.

pequena disse...

joão, as vezes que volto aqui em postagens antigas e as releio...é como olhar para uma pessoa que vc já conhece sob um novo ângulo ou aspecto e descobrir algo de novo (e bom) nela que vc não havia percebido antes..ou talvez sejam "nossos olhos"..
bom,estava lendo esse post e descobri que para mim, Deus existe simna nem casa (não ando dimpatizando muito com os dogmas das instituic;ões religiosas..), embora sem forma definida e por um único e grande motivo: dá um medão se não acreditar...então, eu acredito,sobretudo quando não tenho as respostas para as minhas perguntas...é confortante acreditar..