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domingo, 13 de janeiro de 2008

Grandes Expectativas

Não, não se trata de uma tradução, resenha ou reflexão do romance homônimo de Charles Dickens. Talvez haja alguma ligação remota

Há poucas horas atrás,na companhia de minha mãe e irmã encontrei por coincidência duas grandes amigas minhas e mais alguns conhecidos,uma com ares um tanto distantes e outra agora mais próxima e querida e me ocorreu o que eu parecia,repito: “parecia”, já saber: que não devemos criar grandes expectativas,tanto tratando-se de pessoas , como de acontecimentos. Caso contrário,dói demais.

Para alguns (e neste momento levanto meu braço), é um ato inevitável, criar grandes expectativas,digo. Somos o que se pode chamar de sonhadores diurnos, visualizamos o futuro com personagens,cenários e enredos, como num "filme de nossas vidas" (quanta bobagam!). Particularmente não saberia responder quais são minhas expectativas, mas sei: são grandes.

Estaremos casados, solteiros,morando junto,separados?Bem sucedidos ou ainda suando para tal?Teremos filhos?E se tivermos,será que corresponderão às nossas expectativas (isso é , se fizermos a besteira de esperar algo mais do que felicidade deles)?Onde estaremos morando?Estaremos mais magros,mais gordos?Estaremos realizados, ou cheios de lamentações?Nossos amigos , serão os mesmos? – Ah, sim!Cheguei onde gostaria: os amigos. – Eu responderia essa pergunta dizendo que provavelmente e,infelizmente, muitos deles vão desbotando como as cores daquela nossa camiseta favorita que ainda insistimos em guardar no armário por gostarmos imensamente dela. A questão é que, vamos vendo-os cada vez com menos freqüência , participamos menos de suas vidas e vice-versa, deixamos de saber que músicas andam ouvindo o que andam fazendo ,adivinhar o que andam passando. “Ta”aí!Será que hoje, agora nesses “anos dourados” de colegial a faculdade, nós sabemos? Digo,sabemos pelo o quê estão passando?Quantas vezes já me chateei (secretamente) com algum amigo porque ele ou ela não ligou ou esqueceu uma data importante!?Ou porque tentaram controlar minhas vontades?!Ou porque não concordava exatamente com algum conselho dado?! Nossos amigos,assim como nós, também pegam “blues”vez ou outra, também desanimam,também têm problemas de comunicação, também somem do mapa para refletir sobre a vida, também desejam,também correm atrás para a realização desses desejos, também brigam com a mãe, também têm vontade de chorar sem motivo,também têm compromissos,também tem dificuldades,defeitos, etc,etc etc e emfim...Não sei ao certo se são 7.2 bilhões de pessoas no mundo, mas estou cada vez mais convicta de que existem cerca de 7.2 bilhões de mundos (é certo que alguns são meio quadrados, mas ainda contam). E muitas vezes me restrinjo a somente um. Que chato, não?


Quem sabe o grande barato não está na capacidade que um tem de reinventar-se e não na espera de algo que provavelmente não ocorrerá como...como.. o esperado ?!Para quê aprisionar-se no tempo?Sabemos,e elas próprias sabem também,algumas figuras permanecerão eternas, nem que seja em memória ou num “coração de armário”; e novas pessoas vão entrar e sair,com pressa,derrubando tudo ou com vagareza e gestos feito os de um gatinho recém-nascido.Todo mundo tem: os amigos da faculdade, os do trabalho e aqueles velhos amigos dos tempos de colégio(continuo acreditando que esses são os mais fortes- afinal,quanto mais jovens , mais flexíveis somos e maior facilidade temos em fazer amizades..não que isso seja uma regra!). E é assim, não é mesmo?! O melhor seria, e espero eu, oops, espero não, desejo, que todos possam permanecer conosco. E que possamos compartilhar mais de seus futuros em seus mundos,fundidos um pouquinho com o nosso!

11 comentários:

João Paulo disse...

Tô com sono agora (acordei as 7:30 hoje, que é domingo!), por isso não li com tanta atenção o seu texto como queria. Amanhã leio de novo com mais calma.

Mas quero comentar! Achei muito massa! Gostei da parte do 7.2 bilhões de mundos, acho que eu e você temos uma idéia parecida em relação a isso.

"...participamos menos de suas vidas e vice-versa, deixamos de saber que músicas andam ouvindo..."

Ei, eu ultimamente tô ouvindo Pink Floyd! :D

pequena disse...

"how i wish you were here",joão!pra gente poder trocar umas idéias sobre esse mundão tão torto em horas..ou os 7.2bilhões de mundinhos tão ..como foi que eu escrevi?-quadrados... =p =)

Anônimo disse...

Tenho medo das minhas expectativas. Estou sendo sincera. Elas me derrubam frequentemente, mas acho que me levanto dessas quedas fazendo mais expectativas. Se é que dá para entender o que estou dizendo...

Denise Britto disse...

a amiga de ares distante continua na mesma... na sua juventude transviada, sem metas e cheia de erros!
mas ah... ahco que isso é coisa pra desabafar pessoalmente, não por aqui!
rsrsrs

o fato é que eu ando ouvindo músicas francesas tristes...

e... seu texto, como sempre, está lindo!

(ps.: não esqueci a data importante, aliás, eu estive pensando muito nisso e pretendo me justificar, apesar de que eu tenho tantas falhas cometidas pra tão pouco repertório de desculpas... e talvez você já conheça todas elas - as desculpas no caso)

pequena disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariana disse...

Ah, "Great Expectations"! Quantas vezes discursei sobre a importância desse romance? Apesar de minha irmã não ter se rendido aos encantos do Sr. Charles Dickens, ela condensou aqui uma das idéias centrais do livro. Crescemos com um ideal de vida, com um ideal de nós mesmos... O duro é perceber depois de "crescidos" que não somos o que imaginávamos que seríamos,não correspondemos às nossas próprias expectativas, mas penso que às vezes é melhor não corresponder mesmo, nada está traçado e o que podemos fazer é viver ou dá uma de Miss Havisham, "congelar o tempo" afundando em lembranças amargas enquanto aguardamos a morte.
Great piece, sis!

Pedro Pacheco disse...

sei la, há tantas idéias sobre esse assunto. imagino que esperar alguma coisa de você é frustante, pois você irá se cobrar ao máximo,e se nao vier sera problema e mesmo se vier ela poderá ser menos do que voce esperava, porém é fundamental traçar metas. isso me deixa confuso.
e sobre os amigos, estes ficam distantes, longe, ao ponto de nos vermos uma vez a cada quatro meses, mas mesmo assim é sempre bom estar com ele, amigo é amigo não importa a distancia, a frequencia que nos vemos ou quantas vezes nos falamos. se eu nao sei que ele termino com a namorado, que ja esta com outra, ou a musica que esta ouvindo no momento de sua vida, amigo é eterno nem que seja na memoria.
so sei de uma coisa, cada um vive no seu mundo e eu começo a achar que o meu é um cubo que é pra guardar todos voces certinho nele. auhauhauahuah!
valeu

Marra Signoreli disse...

Dentre as coisas que eu não posso viver sem estão minhas espectativas, espectativa, por exemplo, de que a minha dor de cabeça passe...

pequena disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Chrystian disse...

começo a ver uma Paula diferente (irreverente, eu diria). Gostei do texto, de verdade.
"mas é que existem tantos mundinhos paralelos que não dá pra saber de qual faço parte. Acho que quero fazer parte do meu!"

Anônimo disse...

Primeiramente.. Paaaula, que saudade de você ;D e Segundo.. o futuro, realmente ele dá medo.. e os amigos, bem , mesmooo fazendo tudo que fazem, sempre vão ser amigos não é verdade?

um beeeijo ;*