modo de preparo...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Eufemismo de vida

Tá, tudo bem, eu já entendi, não precisam me dizer que faz tempo que eu não compareço... O problema, como o arthur mesmo disse, é o tempo. Aposto que não é só a minha, é a vida de todo mundo que anda corrida, mas o que consola é que é finita (a correria). Vamos ao texto.

Hoje, na aula de redação, me deparei com uma coisa que eu costumo pensar muito, mas, na hora de procurar um assunto para escrever sobre, sempre esqueço deste. Eu queria falar sobre o eufemismo. É, isso mesmo, em todos os sentidos (nem sei se posso usar a palavra eufemismo para os sentidos que pretendo). É absurdo o quanto a gente, sem perceber, ameniza situações o dia, a semana, a vida inteira.

Não adianta falar que não, não é bem assim, nem todo mundo faz isso, etc. É exatamente assim. Todo mundo fecha a janela do quarto quando chove forte ou fecha a janela do carro para não pegar panfletos, sem nem perceber que isso não resolveu problema nenhum. E muita gente pensa sim que política de cotas é uma ótima solução para o problema da discriminação do passado. Ainda nesse assunto, tem gente que acha errado falar raça negra e vem com essa história de etnia africana. Tá, e ai? Como que isso resolveu o problema?

Arrumar o quarto jogando tudo dentro do armário, falar que fez meia lista de exercícios, assistir ao jornal nacional e achar que tem uma opinião formada, trocar o carro à gasolina por um flex e achar que não tem nada jogar um papel pela janela dele, dar dinheiro para alguém no trânsito e pensar que fez a sua parte, tudo isso a gente faz, sem preceber que está fugindo de um problema. Um não, vários. Ao abrir o armário tudo vai cair em cima de você, aquele exercício que você não fez por preguiça é o que você vai precisar, toda mídia é manipuladora, um carro flex não vai pegar o papel que se joga na rua e as pessoas que pedem no trânsito continuam com fome. Então o que nós fazemos afinal? Praticamente nada.

A questão é que não tem questão nenhuma. Eu jogo as coisas dentro do armário e eu faço meia lista de exercícios (mas eu não jogo papel fora do carro!), o que é triste é as pessoas acharem que, por isso, já fazem muito. Apesar de viver uma vida de eufemismos, eu tenho a certeza de que eu posso fazer muito mais. Agora, achar que trocar raça por etnia é a solução seria esperar muito de quem acha que só isso basta.


*Sim, eu insisto em dizer raça apenas pela simbologia da palavra ("força"), já que, na prática, é sempre a mesma coisa.

8 comentários:

Anônimo disse...

eu tive essa aula da Roseli hoje, agorinha, no último horário ;D
gostei do texto!

Arthur disse...

muito excelente o texto.
nem vem com essa de que você não gostou.
idéia mto boa =]

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
pequena disse...

oi aline!

gostei pra caramba dos seu texto,confesso que estava com saudade deles - e olha que engraçado, nos nem nos conhecemos! =T

mas mesmo não te conhecendo,gostaria que lhe dizer ( com um fundo de consolação e conforto- não sei se isso cabe a mim?) que acho que não deveria se culpar por "não fazer MAIS", nem se cobrar, acho até, que vc fez muito,afinal, vc escreveu esse texto, não escreveu? e para tal, observou,constatou e teve a coragem de assumir e afirmar algo que muito brasileiro " dá um jeitinho" de tirar o corpo (ou a culpa) fora!

parabéns.

João Paulo disse...

Esse texto lembra a Lya Luft. Ela fala desgostosamente, sempre, sobre a horrorosa sociedade em que vivemos. Cada texto dela é uma porrada na testa das pessoas que lêem.

Não sei se eu gostei deste seu texto, Aline. É um texto que só revela a tragédia, não dá um caminho de luz seguro para nós que lemos...

Eu acho que nós podemos sim fazer alguma coisa, é só que o momento nosso é de estudar para vestibular. Quando ele passar, vai chegar as férias e você e eu podemos inventar maneiras impares de ajudar.

Não vamos mudar o mundo. Vamos só ajudar algumas pessoas. A fome não vai acabar, e pessoas continuarão pedindo esmola nas ruas. Mas a gente pode ajudar sim, em vários aspectos. E receber um sorriso em troca, coisas assim.

Por exemplo, se você quiser me dar dois gibis para eu levar semana que vem em algumas creches, junto com o grupo de teatro do colégio, eu agradeço. :)

Bruno Andrade disse...

LINDO!

deh gouthier; disse...

ela é linda. :) e ficou excelente mesmo.
bom, acho que o mais legal aqui é essa porção de pontos de vista diferentes. tipo isso: aline descrente e godoy crente.
conviver com ele esses dias me deu até vontade de acreditar, mas eu ainda acho que sou do time da line.

Anônimo disse...

CLAP!