modo de preparo...

domingo, 9 de dezembro de 2007

a mesma coisa noutras palavras

eu sei que eu deveria postar. os meninos mentem de dizer que eu faço pressão, porque se eu fizesse seria hipocrisia da minha parte. mas o fato é que eu me vejo esvaziar das palavras que um dia eu soube dizer.
me esvazia o tempo que passa feito ampulheta de jogo. grãozinho por grãozinho, todos os segundos vão passando valiosos por entre a fresta. meu pai foi viajar e me trouxe um relógio. eu nunca tinha usado relógio, mas tenho mania de tempo. cronometro tudo nos números do celular: chego meio dia e meia, almoço, falo com ele, cochilo, acordo duas e meia, estudo até as quatro, lancho, enrolo um pouco, estudo mais até umas seis e meia ou sete horas e depois arrumo o que fazer até a hora de ir ligar pra ele de novo antes de dormir. tudo igual, todos os dias. é feio dizer de rotina tão passivamente, mas eu não me importo não. tá certo que cansa, mas organiza. e a vida da gente tem que estar organizada se não tudo se enrola e perde o rumo. e fica como a aline disse de jogar tudo dentro do armário pra arrumar depois. eu sou mestre em fazer isso e sei que não adianta nada. você só esconde a bagunça, enrola e depois uma hora ou outra, vai ter que acabar parando pra arrumar. isso quando não cai tudo em cima de você. e aí amigo, dançou, já era!

eu li numa dessas listas de literatura, devia ser do Memorial de Aires, alguma coisa como: "velhice esfalta". é verdade. velhice, eu não sei, mas o tempo faz isso, o tempo cansa. eu ontem vi uma menina, toda grandinha, fazendo seus 3 ou 4 anos, e pensei noutro dia quando a mãe dela ficou grávida. quase enxerguei as minhas rugas! ela cresceu, eu cresci e nem vi passar. não vi mesmo mesmo, nem de longe. e pensar quanta coisa mudou nesses 4 anos na minha vida então, é quase loucura. e de fato é isso que me esvazia. ver que de repente: puf! a rotina acabou. tudo vai ficar diferente, vai mudar, e de repente eu me desorganizei.
por isso, eu sinto muito, mas eu não consigo pensar, nem escrever, nem olhar pro céu um dia que seja lembrando de outra coisa. eu sou a pessoa mais melancólica quanto à despedidas e finais que deve haver. porque eu não conheço mais ninguém que contou os quase 60 degraus que subiu todos os dias durante um ano, só pra constar no cadastro da memória. então me desculpem mesmo a demora e no fim, falar falar e cair na repetição.

6 comentários:

João Paulo disse...

Abraçar também é repetição. Toda vez que a gente abraça quem a gente gosta, a gente faz a mesma coisa: abre os braços, envolve a pessoa, sente o quentinho...

E sempre é tão bom!

Aline disse...

entendo a sua melancolia.. dá um medo né? como vai ser a vida agora? esse medo é sempre novo. é sempre um medo que a gente nunca sentiu antes e, tenho certeza, falar desse medo novo nunca vai ser cair na repetição :)

tá lindo debrah! como sempre, pra dizer a verdade :)

:******

Anônimo disse...

Vou sentir saudades... Mas sobre a pressão, veja que eu nem postei o texto com aquel nota... Tava daquele jeito pq aquele foi o primeiro texto que eu escrevi pro blog, quando vcs tavam falando pra eu postar logo... Só que tava com preguiça de digitar e vc me obrigou a te deixar ler no papel mesmo... Mas vc pode encher o saco que nunca vai ser chata!

pequena disse...

eu gostei muito do texto déborah, tenho uma identificação enorme com seus toques de melancolia...
me interessam muito divagações sobre o tempo, são muito freqüentes dentro de mim também, embora eu ainda não tenha as extravasado...são muito freqüentes na psicanálise tb..talvez por isso me interesse...

emfim, ficou bonito! :)

pequena disse...

teroria do espiral?! sabem aquela que o homem e a sociedade, vão e voltam e repetem as mesmas coisas, mas sempre avançam um pouquinho?! então! - avançam um pouquinho!!

Anônimo disse...

tah realmente lindo deh =]
e todo mundo sente isso. não pense queé clichê. todos nós sempre caímos ness epensamento de uma forma ou de outra.